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segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

O colarinho branco da Schin

Desde que a japonesa Kirin comprou o seu controle, em agosto do ano passado, a cervejaria Schincariol parece ter entrado numa ressaca. Primeiro, os novos controladores enfrentaram uma disputa na Justiça com os minoritários, que queriam impedir a venda. Logo em seguida, a empresa perdeu a vice-liderança do setor para a rival Petrópolis, dona das marcas Itaipava e Crystal. Caberá ao paulista Gino Berninzon Di Domenico, 42 anos, que assumiu, na quarta-feira 1º, a presidência da companhia, recolocá-lo à sobriedade. O novo presidente da Schincariol é visto pelos novos donos como o nome ideal para reverter esse quadro. 

Pesaram a favor de Di Domenico o fato de ele ter um bom relacionamento com os antigos controladores, os primos Adriano e Gilberto Schincariol, que não mantêm exatamente um bom relacionamento entre si. O executivo conta também com grande conhecimento das áreas vitais da cervejaria. Procurado por DINHEIRO, Di Domenico alegou que ainda era muito cedo para falar sobre seus planos. A trajetória do executivo também parece credenciá-lo para o cargo. Ele trabalhou durante 11 anos na gigante de bens de consumo anglo-holandesa Unilever, onde construiu uma sólida carreira nas áreas industrial e de gestão de cadeia de suprimentos. 
 
 
 
Sua trajetória inclui ainda uma rápida passagem pela consultoria Deloitte e o posto de gerente de custos da Unicamp, em Campinas, no interior de São Paulo, na qual se graduou em engenharia mecânica, em 1991. Nos últimos cinco anos, Di Domenico consolidou-se como um dos mais destacados executivos da cervejaria de Itu, onde ingressou como diretor-industrial, responsável pelas 13 fábricas. Desde 2008 como diretor de operações e responsável também pelas áreas de logística e distribuição, comandava quase metade dos dez mil funcionários da Schincariol. Especialistas avaliam que, com sua experiência, o executivo poderá ter mais autonomia para eliminar os gargalos da empresa. 
 
“Os principais pontos de uma cervejaria são distribuição e marketing”, afirma Adalberto Viviani, da consultoria paulista Concept. “O desafio da Schin é unir esses pontos.” De acordo com antigos subordinados, Di Domenico é do tipo discreto, metódico e focado em resultados. “Seu mantra é metodologia, disciplina e constância de propósito”, diz um ex-funcionário da Schin, que trabalhou com o executivo. E ele consegue isso graças a uma maneira peculiar de liderar sua equipe. Assim que foi guindado à posição de diretor de operações, estabeleceu um calendário fixo de reuniões com a equipe. Os encontros mensais aconteciam ao longo de dois dias seguidos. 
 
Nessas ocasiões, aproximadamente 15 diretores ficavam trancafiados entre 8h e 19h em uma sala, debruçados sobre planilhas e pensando em novas estratégias. O lanche era espartano e rápido. “Ele colocava algumas barras de cereal para comermos”, diz um ex-funcionário. O esquema rígido causou desconforto no início, mas acabou sendo assimilado, graças aos bons resultados que o encontro proporcionava. “Não era algo maçante, e ele sempre se mostrava disposto a ouvir as contribuições feitas pelos subordinados.” Ao mesmo tempo, Di Domenico era implacável e não titubeava em demitir quem não apresentava resultados satisfatórios. 

Apesar de rígido nas cobranças, o novo presidente da Schin é considerado um executivo fácil de lidar, sem acessos de fúria. “Ele sabia o nome de todas as pessoas”, conta outro antigo colega. “Desde o estagiário até o funcionário de mais alto cargo.” O executivo também cultivava o hábito de convidar a equipe para almoçar. Os assuntos, no entanto, se restringiam a temas corporativos, à exceção da cervejada no fim do expediente, organizada pelo menos uma vez por mês, sempre às sextas-feiras. A única recomendação de Di Domenico, nessas ocasiões, era para que não exagerassem na dose, para evitar as ressacas no dia seguinte.
 
 
Fonte: Isto É Dinheiro

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