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quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Interior: ingresso caro, estádios vazios

O que os times do interior apostavam ser a saída para resolver parte de seus problemas financeiros acabou se transformando em mais um tiro no pé. A estratégia de aumentar o valor dos ingressos nos jogos contra os chamados grandes tem se mostrado pouco eficaz, pelo menos nas três primeiras rodadas do Campeonato Paulista. Em vez de arrecadar mais, os pequenos tiveram de conviver com estádios vazios e rendas decepcionantes.

Os duelos do fim de semana, com o Palmeiras e o Santos jogando fora da capital, deixaram isso bem claro. O Catanduvense cobrou R$ 80 a arquibancada contra o Palmeiras e apenas 5.422 pessoas pagaram para ver, com renda bruta de R$ 303.344,00 em Catanduva. O mesmo ocorreu em Jundiaí, onde o Paulista colocou o ingresso a R$ 50 e conseguiu atrair apenas 3.029 pagantes para ver a equipe empatar com o Santos B, com renda de R$ 109.425,00.
Na rodada anterior, o Oeste, que não pode enfrentar os grandes no Estádio dos Amaros, em Itápolis, também amargou um público bem abaixo do esperado diante do São Paulo, em Presidente Prudente. Apenas 8.001 pagantes para ver a derrota por 3 a 2, com renda de R$ 197.320,00.
Menos mal que o clube, para transferir a partida, recebeu uma ajuda de custo da cidade vizinha, já que o gramado do Estádio Eduardo José Farah foi todo reformado e o Grêmio Prudente, de uma hora para outra, resolveu voltar para Barueri, deixando Prudente sem representante.
A justificativa dos pequenos para o aumento de preços contra os grandes é a enorme diferença nas cotas que cada um recebe para disputar o Estadual. Enquanto os grandes embolsam R$ 10 milhões, os pequenos levam apenas R$ 1,9 milhão. Além disso, por força de contrato com a TV, os times podem explorar apenas duas placas de publicidade nos estádios.
"Não tem como negar que são os jogos contra os grandes que fazem a diferença na bilheteria", argumenta o diretor de marketing do Paulista, Marcos Del Roy. "E não confio nesta equação simples de que se você reduzir o preço do ingresso pela metade vai ter o dobro de público."
Contra o Santos, segundo Del Roy, outros fatores contribuíram para o pequeno público em Jundiaí. "O jogo era num domingo à noite contra um Santos reserva. Tenho certeza que se o ingresso custasse R$ 30 (foi R$ 50), não haveria muito mais gente."
Os números, porém, comprovam que o raciocínio de Del Roy pode estar errado. Em 2007 e 2008, com o ingresso a R$ 20, mais de 12 mil pessoas assistiram aos confrontos contra Corinthians e Palmeiras.
A reação do presidente do Bragantino, Marco Antonio Abi Chedid, é radical sobre o assunto. "Acho criminoso cobrar R$ 80 para ver futebol no Brasil. O dirigente tem de entender que sua missão é levar o torcedor para o estádio, não afastá-lo. Já foi a época em que os clubes viviam das rendas."
E Chedid vai contra a correnteza ao comentar os valores pagos pela Federação Paulista de Futebol. "A cota de R$ 1,9 milhão para um campeonato de pouco mais de três meses é excelente. Eu recebo R$ 1,6 milhão para jogar oito meses na Série B do Brasileiro."
Em Bragança, um pacote com bilhetes para 9 jogos foi vendido por R$ 120, cerca de R$ 13 por partida. "A Federação exige R$ 30, mas, se você encaminhar uma solicitação com antecedência, eles autorizam essas promoções."
MEIA-ENTRADA 
Outra questão polêmica, segundo os dirigentes, é o controle dos bilhetes de meia-entrada. Como normalmente o movimento é intenso em dias de jogos, fica difícil, tanto na bilheteria quanto nas catracas, o controle de quem tem de fato direito de pagar meia e quem não tem. Segundo a Federação, esse controle cabe aos clubes, mas, para evitar tumulto, muita gente entra sem mostrar documento algum. "Por isso é que defendo o valor único. É melhor cobrar menos do que viver essa ilusão da meia-entrada", dispara Chedid.
 Fonte: Estadão

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