Cadastre seu negócio - Quem somos - Contato

sábado, 18 de fevereiro de 2012

A explosão do comércio online

O executivo German Quiroga é um veterano do comércio eletrônico. Ele foi um dos responsáveis por montar a operação da Americanas.com, em 1999, então uma das pioneiras do setor. Mais tarde, em 2006, o site se juntou ao Submarino, formando a B2W, líder desse mercado no País. Hoje, Quiroga continua envolvido com o varejo virtual, mas com ambições ainda maiores. CEO da Nova Pontocom, criada em 2009 para gerenciar as operações online da fusão de Grupo Pão de Açúcar, Globex e Casas Bahia, ele persegue a liderança do segmento e prepara a empresa para uma nova etapa. “O desafio colocado pelos acionistas é que a companhia esteja pronta para a abertura de capital a partir do meio do ano”, disse Quiroga à DINHEIRO. 
47.jpg
As bases para alcançar o objetivo estão sendo construídas. Depois de expandir 56% e chegar a R$ 2,7 bilhões de faturamento em 2010, a Nova Pontocom, que responde pelos sites de Ponto Frio, Extra e Casas Bahia, pretende crescer entre 30% e 50% acima do mercado até, pelo menos, 2013. A ascensão da Nova Pontocom se dá no momento em que a líder B2W anda de lado, mergulhada em problemas operacionais. Em 2010, sua receita foi de R$ 4,5 bilhões, quase idêntica à registrada em 2008, de R$ 4,4 bilhões. Se for tomado como base o retrospecto das duas empresas, a Nova Pontocom pode assumir a liderança do mercado já este ano. “Ser líder deve ser a consequência de oferecer um serviço melhor”, diz Quiroga. 
 
Procurada pela DINHEIRO, a B2W, que diz ter investido R$ 400 milhões nos últimos dois anos para reduzir a quantidade de reclamações por parte dos clientes, foi diplomática ao comentar, em nota, o crescimento da Nova Pontocom. “Acreditamos que a concorrência é bastante saudável para o setor.” A disputa pela liderança é a faceta mais visível das transformações vividas pelo comércio eletrônico nacional, mas elas não param por aí. Na área de comparação de preços, por exemplo, a chegada de dois competidores de peso promete tirar a tranquilidade do Buscapé, que reina absoluto nessa área há muitos anos. A companhia brasileira tem, desde o final de 2011, a concorrência das Organizações Globo e do Google, que lançaram, respectivamente, os serviços Zoom e Shopping. 
 
48.jpg
Novas Caras: Eduardo (à esq.) e Rodrigo, da Rocket, uma fábrica de start-ups.
 
À parte a briga travada pelos gigantes, a diversificação dos negócios é outro aspecto marcante do varejo eletrônico. A parceria entre empreendedores, na maioria brasileiros, e investidores, em boa parte estrangeiros, está mudando a dinâmica do setor, com a abertura de uma série de start-ups. São empresas novatas que apostam em nichos até então pouco atendidos, como moda, beleza, móveis, bebês, artesanato e sustentabilidade. Os dados atestam a pulverização do mercado: excetuando-se as 50 maiores lojas virtuais, em faturamento, o Brasil possui mais de dez mil sites do gênero, com uma receita total de R$ 2,2 bilhões em 2011, bem superior aos R$ 175 milhões gerados em 2005, segundo a consultoria e-Bit. A marca dos R$ 3 bilhões deve ser rompida em 2012. 
 
“O futuro do e-commerce está na segmentação”, diz Cris Rother, diretora da e.bit. É fácil entender o motivo para tanta euforia. Ninguém quer ficar de fora do bilionário comércio eletrônico nacional, que deve dobrar de tamanho até 2015, alcançando um faturamento anual de R$ 40 bilhões e, assim, passar de sétimo para  quarto maior do mundo, atrás apenas de China, EUA e Japão. Os dados são  da consultoria americana Forrester Research. Atraído por esse cenário, o País entrou para valer no radar dos investidores estrangeiros. É o caso da incubadora alemã Rocket Internet, que abriu um escritório em São Paulo no começo do ano passado. Desde então, a empresa lançou nove empreendimentos digitais por aqui.
 
49.jpg
Novas caras: Mariana (abaixo), CEO do OQVestir, site de moda
 
Até o final do trimestre serão mais três. Entre as empresas apoiadas pela Rocket estão a Glossy Box, que vende amostras de produtos de beleza por meio de assinatura, e a Kanui, de produtos para a prática de esportes. Na presidência da Rocket no País estão os brasileiros Rodrigo Sampaio e Eduardo Goes. São eles que selecionam os empreendedores que irão tocar os projetos. Não espere de Sampaio e Goes, no entanto, uma história romântica sobre start-ups criadas em garagens. “Adaptamos modelos provados no Exterior e os fazemos crescer de forma bastante rápida”, afirma Sampaio. “É nisso que acreditamos.” Os objetivos são ambiciosos. “Mais do que qualquer outra coisa, estamos construindo um grande polo de talentos aqui”, diz Goes. 
 
Eles não revelam o montante investido, mas estimativas do mercado apontam valores próximos aos R$ 100 milhões. Os passos da Rocket são seguidos de perto por um titã, o Tiger Management Global, um dos principais fundos americanos, com investimento em Apple, Amazon e Facebook, entre outros. Nos últimos anos, ele já fez mais de 15 investimentos no País, com destaque para Netshoes e Peixe Urbano. Além desses, também deu apoio a outro site menos conhecido, mas que explora um nicho muito promissor: o OQVestir, que vende artigos de grifes femininas e dá dicas para combinações de peças e acessórios. Mariana Medeiros, CEO do OQVestir, abriu a loja virtual em 2009 com a jornalista Rosana Sperandeo. Posteriormente, a advogada Isabel Humberg se juntou à dupla. Diferente de tantas outras start-ups, que nasceram em garagens, a ideia do OQVestir surgiu em uma maternidade. 
 
Foi durante a gestação do seu segundo filho que Mariana, sem tempo para ir às compras, percebeu a ausência de lojas online que atendessem às suas necessidades. Hoje, o site já contabiliza mais de um milhão de clientes cadastradas e emprega mais de 70 funcionários. “Nossa estratégia é dominar esse mercado, a exemplo do que a Netshoes fez com o setor de esportes”, afirma Isabel. Diante de um quadro de intensas mudanças, é possível imaginar que 2012 será movimentado para o comércio eletrônico. Um dos tantos motivos para isso é a iminência da chegada da Amazon ao País. “A vinda é certa”, afirma Ricardo Daumas, da consultoria GS&MD, especializada em varejo. “A dúvida é se será ainda neste ano ou no começo do próximo.” A presença da todo-poderosa do comércio eletrônico mundial deve atrair ainda mais a atenção dos investidores, ampliando os horizontes de negócios e opções para o consumidor brasileiro.
 
50.jpg
 
 Fonte: Isto É Dinheiro

0 comentários:

Postar um comentário