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sábado, 4 de fevereiro de 2012

Com novo comando, Sony tenta se reerguer

Quando Kazuo Hirai ingressou na família Sony, em 1984, a imponente fabricante de produtos eletrônicos era sinônimo de indústria de vanguarda. O seu Walkman, o primeiro tocador de música portátil do mundo, foi um sucesso global durante cinco anos e representou uma reviravolta na história da eletrônica. A Sony acabava de lançar o "compact disc" (CD), e sua televisão em cores Trinitron se tornara um padrão para a indústria.
Pouco tempo depois, a companhia, cheia de dinheiro, adquiriu a Columbia Pictures e a CBS Records, declarando que criaria a maior companhia de eletrônica e entretenimento.
A Sony de hoje, cuja direção Hirai assume agora, é uma sombra do que foi, e reflete o declínio da indústria eletrônica de consumo do Japão como um todo. A companhia há muito perdeu o predomínio no setor de tocadores de música portáteis, por não ter sabido levar o sucesso do Walkman para a era digital. Sua unidade de TVs, que não chegou a se recuperar da demora em desenvolver modelos de tela plana, não registra um lucro há anos.
A companhia avisou na quinta-feira que apresentará o quarto prejuízo consecutivo anual no exercício que se encerra em março, estimando uma perda líquida de 220 bilhões de ienes (US$ 2,9 bilhões) por causa da queda das vendas no exterior e de uma série de desastres naturais.
"Tenho uma profunda consciência da crise", disse Hirai numa coletiva na quinta-feira, um dia depois de ser escolhido para suceder o atual presidente e diretor executivo da Sony, Howard Stringer, em abril. "Se não agir muito rapidamente, a Sony não conseguirá vencer."
Recuperar a companhia será uma tarefa terrível. Ao contrário da Apple, que é extremamente lucrativa - em parte porque transferiu muitas das suas fábricas para o exterior e tem um número relativamente pequeno de funcionários nos Estados Unidos -, a Sony sempre protegeu o emprego no Japão e adiou por muito tempo a transferência da produção para fora do país.
Stringer começou a modificar essa situação. Ele reduziu agressivamente os custos, enxugou as numerosas operações da Sony e transferiu para o exterior parte da produção. Em dezembro, a companhia vendeu sua participação numa sociedade criada com a Samsung Electronics para fabricar telas planas, medida que expandirá ainda mais as opções de produção no exterior.
Stringer também tentou combinar melhor a unidade de hardware da companhia com as de música, cinema e videogames, investindo nas plataformas, como a PlayStation Network, muito conhecida, que permite aos usuários baixar conteúdo nos aparelho Sony.
A companhia passou também a se afirmar mais no mercado cada vez mais importante de telefonia móvel. Comprou de volta a participação da Ericsson num pesado empreendimento de telefonia móvel, e está dando maior ênfase à sua linha de smartphones Xperia, de boa aceitação no mercado, que utiliza a plataforma Android, do Google.
A Sony espera também que seu console portátil de videogame PlayStation Vita, que começa a ser vendido nos Estados Unidos este mês, se torne a plataforma de maior sucesso para baixar jogos e outros conteúdos.
Freio
Mas a crise econômica global, que afetou as exportações japonesas e provocou uma grave recessão no Japão, freou a recuperação da Sony. O terremoto e o tsunami, em março de 2011, interromperam a produção em dez fábricas do grupo na região norte do país e cortaram cadeias de suprimentos vitais. Inundações catastróficas na Tailândia, um polo industrial, também afetaram profundamente a produção no ano passado, e uma persistente valorização do iene continua prejudicando a competitividade da Sony no exterior.
Esses problemas fizeram com que a companhia registrasse um prejuízo líquido de 159 bilhões de ienes (cerca de US$ 2,1 bilhões) nos três últimos meses de 2011. O diretor financeiro da companhia, Masaru Kato, disse que a Sony pretende voltar a lucrar no próximo exercício fiscal.
Stringer, que se tornará presidente do conselho da Sony, continua otimista. "Está tudo pronto para a recuperação. O pior quase passou", disse. "Estamos mudando as marchas, e quando isso acontece, o carro pode andar mais depressa."
Hirai, que teve o mérito de ressuscitar a unidade de videogame da companhia, mergulhada em graves dificuldades, disse que pretende se concentrar no fortalecimento dos segmentos mais sólidos da companhia, como as câmeras digitais e os videogames. Ele pretende também aumentar os investimentos em tecnologia móvel e reconstruir a unidade de televisores da companhia, abandonando os produtos que não são lucrativos.
De todos esses objetivos, a recuperação da unidade de televisores, que perdeu dinheiro durante anos, será talvez o principal desafio da Sony. A companhia sofreu por muito tempo com a concorrência de rivais como as coreanas Samsung e LG.
Mas, à pergunta se a Sony poderá desistir de sua unidade de aparelhos de TV, Hirai foi categórico: a companhia não abandonará um produto que é ainda tão fundamental para o entretenimento das famílias. "A Sony não recuará tão facilmente."
Fonte: The New York Times (Tradução: Estadão)

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