Cadastre seu negócio - Quem somos - Contato

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Beach points de Florianópolis têm badalação e tranquilidade

Floripa é um delicioso círculo vicioso. Uma ilha com 42 praias no entorno, de diversos tipos e estilos. Desertas ou animadas, da moda ou escondidas, a escolha é uma questão que vai do perfil do viajante. Uns preferem a badalação e muito agito em bares cheio de gente bonita à beira-mar, outros a tranquilidade de uma praia cercada de montanhas verdejantes. Há quem goste do conforto de um grande hotel ou de um condomínio de alto padrão, enquanto outros preferem a rusticidade de uma pousadinha no meio do mato. Muitos gostam de suar a camisa e Floripa combina bem com esporte no verão.
Mas o que você prefere? Encarar uma trilha à caminho de uma deslumbrante praia deserta, ou dançar até cair em festas ao som de dj´s ao melhor estilo Ibiza? Floripa tem isso, basta escolher. Nós ajudamos. Nessa reportagem estão detalhadas as faixas de areia mais sofisticadas e badaladas dessa ilha de muitos prazeres: Jurerê Internacional e Brava do Norte. E ainda ensinamos o caminhos das pedras rumo ao lado mais sossegado de Floripa, que inclui meia-dúzia de praias no ainda selvagem sul da ilha de Santa Catarina, como a Lagoinha do Leste, onde o concreto ainda não chegou. A decisão é sua. E se a dúvida persistir no final... Fique com todas.

Jurerê Internacional

Uma das belas casas da praia de Jurerê Internaciona. Aluguel chega a R$ 5 mil, o dia. Florianópolis.Até alguns anos todo mundo em Floripa só falava da Praia Mole. Ainda hoje é um point bastante conhecido entre surfistas e beldades que desfilam sob o sol catarinense. Mas o quente da badalação migrou e a praia da moda agora é Jurerê Internacional. É lá que estão os bares de praia mais agitados do verão brasileiro, que promovem altas festas comandadas por Dj´s renomados em plena luz do dia. É o pedaço dos famosos e endinheirados da ilha, que gostam de curtir a vida boa com champagne francês e sofá com vista para o mar numa paisagem dividida pelo Atlântico de um lado e uma coleção de mansões e apartamentos de alto padrão do outro.
A praia fica no norte da ilha, onde estão as mais urbanizadas e com melhor infra de hotéis de Floripa, como Ingleses e Canasvieiras. Mas Jurerê Internacional não tem nada a ver com as vizinhas. É uma espécie de "praia planejada", dominada completamente por um empreendimento de alto padrão. A história por ali começou a partir de 1980 quando o grupo gaúcho Habitasul comprou todas aquelas terras numa faixa de orla com quase dois quilômetros de extensão no canto esquerdo da antiga praia do Jurerê, e passou a vender os terrenos. Os compradores tiveram que seguir regras para construção. As casas, por exemplo, não podem ter muros, ter no máximo dois pavimentos e não ultrapassar uma área maior do que um terço do tamanho total do terreno. O objetivo é garantir mais espaço ao paisagismo e dar a Jurerê Internacional um jeitão sofisticado, a la Beverly Hills, o célebre bairro de Punta del Leste.
Cerca de quatro mil privilegiados moram hoje em Jurerê Internacional, população que pula para cerca de dez mil no verão. É praticamente uma minicidade autosuficiente, com supermercado, escola e calçadão com lojas e agências bancárias. Não há dúvidas que ali desfruta-se da mais civilizada praia do Brasil, com ruas limpas, placas informativas, calçadão para caminhar, serviço de água e esgoto próprios, fiação subterrânea e câmeras de segurança espalhadas em todo canto. Dois grandes hotéis completam o empreendimento, o Beach Village, inaugurado em 1999, e o novo Il Campanário, que vai completar um ano de funcionamento nesse reveillon.

Os beach points

Beach Point - Cafe de la MusiqueA ideia inicial do grupo Habitasul era garantir um empreendimento baseado em qualidade de vida para os moradores. A badalação chegou depois com a instalação dos bares de praia, ou beach points como eles chamam por lá os pontos de apoio para os banhistas. Neles, o esquema vai muito além da tradicional mesinha com guarda-sol para petiscar. Os beach points seguem o conceito de lounges, com direito a deques com sofazinhos, alta gastronomia, cerva de boas marcas mergulhadas em baldinhos de gelo e música house garantida por dj´s famosos.
O empresário Aroldo Lima é um dos principais responsáveis dessa tendência ao abrir o El Divino em 2004 e trazer a balada diurna dos famosos day clubs de Ibiza para a areia da praia catarinense. No ano passado, o mesmo Aroldo faria uma parceria com um grupo de espanhóis para inaugurar a comemorada Pacha Floripa, a terceira no Brasil, ali perto, e assim completar a ininterrupta balada de 24 horas no verão de Jurerê Internacional.
A ideia deu certo e o tradicional Taikô, que vai para a sua nona temporada, aderiu a onda da música eletrônica em alto volume e, há dois anos, passou por uma reforma para reabrir ao estilo tailandês, com gazebos laranjas que são os mais disputados de Floripa. Os últimos reforços foram o Café de la Musique, uma filial da casa paulistana, e o P12, este no padrão dos grandes day clubs espanhóis que, diferentemente dos outros beach points, não funciona como restaurante. O P12 fica bem no canto da praia, numa área ampla com uma piscina cheia de curvas, bar molhado e espreguiçadeiras aos montes ao lado de dois espaços cobertos para shows e altas festas.
No verão, de sexta à domingo, todos os beach points promovem as "sunsets", festas que começam por volta do meio-dia e seguem fervendo até às dez da noite, quando a lei do silêncio manda desligar o som e a galera migra em peso para a pista de dança da Pacha. Não é cobrado ingresso para entrar nas sunsets, exceto nas festas de reveillon e carnaval, quando são montadas tendas na praia. No Taikô, por exemplo, o ingresso para a festa do reveillon deve custar R$ 350 para mulheres e R$ 700 para homens, valor que inclui uísque Red Bull, champagne francês e buffet à vontade.

Turismo especial para a família

Hotel IL Campanário em Jurerê InterncaionalO curioso é que, quando a música nas sunsets pára, acontece uma repentina troca de clientes nos beach points. Sai a galera do agito, chegam casais e famílias para o jantar. Jurerê Internacional, afinal, foi feita para eles. Na mesma praia coexistem harmonicamente públicos de interesses completamente distintos, ainda que em horários diferentes.
Quem viaja com os pequenos busca refúgio principalmente dentro do Hotel IL Campanário, que tem estrutura de pequeno resort. Oferece uma bela piscina externa, outra aquecida em ambiente climatizado, além de equipe de recreação infantil e um kid´s club muito bem equipado. Para o advogado Felipe Moreno, de Porto Alegre, que esteve no Il Campanário com a filhinha Isabela, de dois anos, Jurerê Internacional é a melhor praia de Floripa para quem viaja com os filhos pequenos. O mar é calmo, sem buracos, e ninguém há de discordar que a areia branca e fofa é perfeita para fazer castelinhos. Tudo bem que em termos de beleza natural, a praia nem é das mais bonitas. Nesse quesito perde  para muitas outras da ilha.
Perde inclusive para a Praia Brava, que é outro reconhecido reduto de bacanas e lindas mulheres no norte. Com a vantagem da Brava ser uma das mais belas faixas de areia da cidade. Quem vence o congestionamento para chegar e estacionar o carro se depara com uma enseada delimitada por montanhas verdes. A Brava, como sugere o nome, tem ondas fortes e está sempre cheia de surfistas, como é caso do manezinho Gustavo Kuerten, que tem casa lá. O ponto aglutinador da moçada é o Bar do Pirata, onipresente há 15 verões.
Ao lado dela, a Lagoinha do Norte tem astral bem diferente. Badalação não há. É preferida por casais e famílias com crianças. Tem mar bem manso e um recorte em forma de meia-lua. É bonito de ver. Sorte mesmo tem os hóspedes da Pousada da Vigia, que fica no alto do costão da praia. Da varanda dos quartos e do restaurante, a praia exibe-se inteira. Não há pousada em Floripa com vista mais bela. Esse é o grande luxo da pousada, mas há outros também, como as suítes com terraço, onde foram colocadas a banheira de hidromassagem, sauna e churrasqueira.
Para fechar a seleção das praias mais sofisticadas da ilha incluímos também a Praia do Santinho. Por um único motivo: o resort Costão do Santinho, um dos melhores e mais completos do país, com estrutura de lazer que inclui campo de golfe com nove buracos, meia dúzia de quadras de tênis, circuito de arvorismo, além de nove piscinas (duas delas aquecidas). Sem contar os cinco restaurantes e o spa divino especializado em hidroterapias, tratamentos faciais e corporais.

Sul da Ilha

Pousada Além do Mar, perto da Praia da ArmaçãoToda essa badalação e sofisticação que toma conta das praias do norte da ilha já não acontece ao sul, onde ainda preserva-se a herança dos colonizadores açorianos e a Floripa pitoresca. Comunidades de pescadores resistem em vilarejos de praia que lembram interior. A mata atlântica nativa recobre montanhas em áreas de proteção ambiental. Algumas praias tem acesso apenas por trilhas. Não há grandes hotéis ou resorts e a acomodação típica são as pousadinhas à beira da praia, ou escondidas no meio da mata. Para quem gosta de natureza e busca um canto traquilo para descansar nas férias, mas sem abrir mão dos bons restaurantes e bares com música ao vivo da Lagoa da Conceição, o sul da ilha é a melhor alternativa.
Quem segue pela estrada SC-406 que sai da Lagoa da Conceição (outra via de acesso é a Avenida Beira-Mar Sul para quem está no Centro), vai perceber que tudo fica cada vez mais selvagem a cada quilômetro. Vamos combinar que o sul da ilha começa extraoficialmente a partir da praia de Morro das Pedras. É a primeira que se vê da janela do carro mesmo. Trata-se de uma praia de tombo com frequência sobretudo de surfistas.
Melhor optar pela praia da Armação, que vem logo depois da curva. Há duas pousadas bem agradáveis na Armação, a Alemdomar e a Pé na Areia . No canto direito, fica a vila dos pescadores onde barquinhos se aglomeram. Dali saem os passeios até a Ilha do Campeche. Ao lado da associação dos pescadores há riozinho com água pela cintura que separa a Armação da vizinha Praia do Matadeiro, que é ainda mais vazia e sossegada.
De volta a estrada, e a sina do turista em Floripa é estar sempre rodando a ilha-sorte que o trânsito desafoga nas estradas que levam para o sul , não leva mais do que dez minutos até a praia do Pântano do Sul, outra vila de pescadores que parou no tempo. Pouca gente vai até lá, já que o Pântano do Sul fica a quase 30 km do centro da cidade. Mas quem vai geralmente tem endereço certo: o folclórico Bar do Arante, cujas paredes são completamente forradas de bilhetinhos que os clientes colocam desde 1958 quando seu Arante abriu uma bodega para vender frutas e verduras aos pescadores. Na casa rústica de madeira, com janelas para o mar, é servido um dos melhores peixes com pirão que você pode comer na vida (R$ 65 para duas pessoas). A cachaça é de graça e talvez seja graças a ela, somado ao ambiente modesto e pé-na-areia, que faz qualquer um logo se sentir poeta e sair rabiscando mensagens inspiradoras nos papeizinhos que vão amarelar nas paredes do lugar. Sem dúvida, um programa imperdível. Em plena onda dos beach-lounges em que Floripa começa a ser comparada a Ibiza e Punta del Leste, o Bar do Arante, com toda a sua simplicidade e tradição, segue como um principal foco de resistência da Floripa tradicional.

Cenário de praias  costas verdes

Praia Armação, no sul da IlhaO Pântano do Sul dá acesso a outra importante atração: a praia vedete da ilha, a Lagoinha do Leste. Mas antes é preciso vencer a trilha íngrime para alcançá-la pois não há estrada até lá. Quem encara o esforço por cerca de uma hora e dá de cara com a praia no mirante ao final da trilha custa a acreditar que existe um lugar assim numa capital, e a apenas 30 km do shopping mais próximo. Cercada por costões verdes e uma bela lagoa, a Lagoinha é totalmente virgem, sem nenhuma gota de concreto em sua areia imaculada. No verão dá para ir de barco. No resto do ano, só caminhando pela trilha mesmo. O caminho desde o Pântano do Sul é o mais rápido. Também é possível ir pela Praia do Matadeiro. A caminhada é menos puxada pois não há trechos de grande subida, mas o percurso toma mais tempo, cerca de duas horas.
A Praia da Solidão, após o Pântano do Sul, no fim da linha da SC-406, já não está mais tão solitária assim. Já foi tomada por casas de veraneio, que vão tomando conta até das encostas. Difícil é chegar na Praia do Saquinho que - esta sim - está isolada, ao final de uma trilha de meia hora que começa na Solidão. É uma praiota pequena, sem energia elétrica até hoje, com apenas 19 casas, três delas com moradores fixos. Uma é ocupada por Adaílson Gomes, um artesão, ex-economista, com vocação para ermitão, que vende peças feitas com bambu-luminárias e caixinhas de jóias - para os poucos turistas que passam por ali.
Esse trajeto que vai da praia da Armação até o Saquinho passa pelas melhores do sul da ilha de Santa Catarina, na qual deve-se acrescentar apenas a idílica praiota da Ilha do Campeche, de água verde cristalina cheia de peixinhos para mergulhar com snorkel. Só que o roteiro ainda não acabou pois o vilarejo do Ribeirão da Ilha fica por perto e vale um passeio bem agradável no final de tarde. Lá está o melhor da herança açoriana, representada principalmente nas casinhas coloridas do século 18. É uma das comunidades mais antigas da ilha. Uma única via corta todo o bairro que se estende por cerca de 20 km de orla. O mar é calmo naquele trecho, com face voltada para o continente, e está repleto fazendas de ostras. Há diversos restaurantes por ali para degustar as ostras nos mais diversos modos de preparo, que pode vir na clássica in natura (cruas), ao bafo, gratinadas ou em risotos. A dica é o Ostradamus, que tem fama de ser o melhor nessa especialidade em Floripa. O restaurante orgulha-se de ser o único a oferecer ostras depuradas, na qual o molusco passa por um processo de higienização, e passa um dia inteiro mergulhado num tanque de água preparada com soluções especiais.
No final da estrada do Ribeirão da Ilha há um estacionamento a céu aberto e uma placa indicando a entrada para a trilha que leva a praia dos Naufragados. São apenas meia hora de caminhada, para ser feito em ritmo leve, e que você pode fazer por diversas razões: seja pelo exercício, pela paisagem da praia, que é realmente belíssima, ou só pelo prazer de estar na extremidade sul da ilha de Santa Catarina. E se você realmente for até lá vindo do centro da cidade ou de uma balada num longe-bar da praia do Jurerê vai custar a acreditar que aquela é a mesma ilha.

A tradição mora ao lado

Quem gosta de caminhar pode esticar até o canto esquerdo da praia de Jurerê Internacional e subir a ladeira que leva à vizinha Praia do Forte. No caminho fica a Fortaleza de São José da Ponta Grossa, construída em 1740 para proteger a entrada da baía norte da ilha de Santa Catarina contra a invasão de piratas estrangeiros.
Na praia do Forte vivem cerca de 100 famílias de nativos. Uma tradição açoriana que persiste ali é a renda de bilró. É bem fácil encontrar as rendeiras dentro do forte com a almofada no colo movendo os pauzinhos em alta velocidade entre as mãos para fazer surgir toalhas, xalés, blusas... Uma delas é Madalena Gae, rendeira há 30 anos, que aprendeu o ofício com a avó. Madalena chega a passar um mês inteiro para fazer um centro de mesa que será vendido a R$ 80 ou R$ 100 apenas. Muito pouco pela esforço e paciência empregada num artesanato de técnica tão complicada. Uma tradição que está desaparecendo da ilha. A nova geração de manezinhas não quererm a aprender a fazer o bilró por conta do baixo custo das peças.

O Campeche

Praia Bravaue, badalação certa no norte de Floripa.A praia do Campeche, já devidamente urbanizada, não tem o mesmo clima bicho-grilo que reina em outras praias mais do sul da ilha. Mas é estratégica do ponto de vista da hospedagem já que fica no meio do caminho entre as praias do sul e a Lagoa da Conceição, onde estão muitos restaurantes de qualidade, como a tradicional Casa do Chico que serve a sequência de camarão mais famosa da cidade, e o melhor da noite de Floripa, que inclui representantes como o John Bull Pub, o Latitude 27 e outra meia dúzia de barzinhos com música ao vivo. Outra vantagem é que o melhor banho de mar de Floripa fica ali por perto, na ilha em frente. A Ilha do Campeche tem uma prainha de areia branquíssima e mar inacreditavelmente verdinho com muitos peixinhos para ver em mergulhos com snorkel. Enormes pedras enfeitam os dois cantos da praia. A ilha é tombada pelo patrimônio arqueológico e paisagístico nacional pois guarda inscrições rupestres ao final de algumas trilhas. Há alguns guias-mirins que levam os visitantes para vê-las. Os barcos para a Ilha do Campeche saem da Praia da Armação, às vezes o mar fica um tanto mexido no caminho, mas as baleeiras sempre chegam. A beleza da praia compensa.
Adílson Souza pula da cama todos os dias às 4h30 da manhã para inspecionar as redes colocadas junto ao costão da praia da Armação. À tarde pode correr inteira entre agulha e linha no conserto das redes, fazendo remendos. As ondas batem nas pedras com força e os estrondos misturam-se aos lamentos do velho pescador artesanal sobre a escassez de pescados naquelas bandas. Antigamente era tão melhor... Nem no período da tainha há fartura hoje em dia. Os cardumes que reproduzem na Lagoa dos Patos, no litoral do Rio Grande do Sul, são pegos no caminho pelos barcos de pesca comercial. O pouco que chega ao litoral da Ilha de Santa Catarina não dá pra nada, garante. Para aumentar a renda Adílson e outros pescadores da Praia da Armação fazem passeios com os turistas até a Ilha do Campeche, onde está o melhor banho de mar de Floripa. É outro lado de Floripa. O lado B, distante da badalação.
Do outro lado da pista que segue rente à orla da Armação fica o Parque Municipal Lagoa do Peri, com uma praia de água doce defronte ao skyline de montanhas. É quase impossível não pensar diante da paisagem na hipótese de mudar-se de vez para Floripa. Da Lagoa saem trilhas para cachoeiras e diversas praias, como Naufragados e Saquinho.

Fonte: Viaje

0 comentários:

Postar um comentário