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quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Wi-Fi para viagem

Internet móvel é, por definição, uma rede que você pode usar quando está em movimento. Mas, em algumas estradas, o pedágio é bem caro. Fora do seu país, a internet móvel do 3G exige que você pague altas taxas de roaming para navegar. Pensando nisso, o argentino Martín Varsavsky começou a procurar conexões Wi-Fi gratuitas nas ruas de Paris. Era uma tarde de 2005, no bairro de Le Marais, e ele queria fugir das contas de roaming de sua operadora em Madri – que podiam passar dos US$ 1 mil.

“Havia redes por toda a cidade, mas estavam sempre fechadas”, diz. Assim como ele, muita gente estava fora de casa enquanto pagava por uma conexão de banda larga. Varsavsky teve então a ideia de criar uma federação de roteadores para compartilhar o Wi-Fi das casas. Não era um negócio. “Era apenas um jeito de resolver o meu problema.” Surgia a Fon.

Hoje, seis anos depois, a ideia se transformou na maior rede de hotspots (pontos de acesso) do mundo. A Fon reúne 4,6 milhões de pontos de rede e é usada por 7 milhões de clientes. Diferentemente das grandes redes montadas pelas operadoras, não foi preciso fazer altos investimentos em antenas para cobrir as cidades. Tudo o que Varsavsky precisou foi desenvolver (ou melhor, encomendar) um software que muda o comportamento do roteador instalado nas casas. E a rede foi se autoconstruindo.

Inicialmente, o modelo que Varsavsky imaginou para a Fon era de uma fundação, algo que seguia a filosofia de que “se você compartilha comigo, eu compartilho com você”. Em 2006, a ideia atraiu seu primeiro investidor: o Google. “Foi aí que começou a virar uma empresa.” Depois vieram as injeções do Skype (seus fundadores estão hoje no conselho da Fon), Sequoia e o Index Capital. A Fon recebeu US$ 35 milhões de aportes até hoje.

7 milhões de clientes estão cadastrados na maior rede
de acesso à internet por Wi-Fi do mundo

Nos primeiros anos, o negócio quase naufragou. Numa rede colaborativa como essa, o sucesso depende de conquistar usuários e ampliar o alcance. Era difícil convencer as primeiras pessoas a compartilhar dando poucos pontos de acesso em troca. Como nem todos os roteadores eram compatíveis com o software da Fon, a empresa criou dispositivos (as foneras) que eram plugados ao equipamento e passou a distribuí-los de graça.

Além disso, em 2006 pouca gente precisava de Wi-Fi na rua. A saída? Juntar-se aos inimigos – as operadoras de celular. Varsavsky procurou convencê-las de que elas poderiam perder receita nas contas de roaming de 3G por causa da Fon, mas o serviço seria uma forma de fidelizar os clientes que usavam banda larga em casa. “Só damos Wi-Fi de graça para quem compartilha. E, para compartilhar, é preciso comprar antes.” A primeira a se aliar à Fon foi a British Telecom, na Inglaterra. Depois, vieram operadoras da França, de Portugal e da Rússia. Hoje, são oito. A mais recente e a primeira na América Latina é a brasileira Oi, num contrato fechado no mês passado.

As operadoras ajudaram a expandir a rede, mas em 2008 a empresa ainda estava no vermelho. Varsavsky cortou metade dos funcionários e chegou a pensar em fechá-la. Então o iPhone começou a se popularizar. Os smartphones trouxeram uma nova demanda para a rede: sem conexão, eles perdiam a graça. Varsovsky fechou um contrato com a operadora japonesa Softbank, que tem 25 milhões de clientes no país. Quem comprasse um iPhone ou Android ganharia um roteador com o software da Fon embutido.

Com ações como essa, a rede foi crescendo. O número de hotspots aumentou de 3 milhões em 2010 para os atuais 4,6 milhões. A empresa também voltou a contratar. No último ano, passou de 40 para 70 funcionários (e procura agora um executivo para comandar a operação brasileira, no Rio de Janeiro). Apesar da expansão, a receita ainda é modesta. Em 2010, a empresa faturou US$ 38 milhões. Foi seu primeiro ano de lucro, com US$ 3,5 milhões. Um ano antes, o resultado era de US$ 4 milhões de faturamento e US$ 5 milhões de prejuízo. A base de clientes ainda tem bastante espaço para crescer. Há hoje, no mundo, cerca de 6 bilhões de linhas de celular. Dessas, 761,2 milhões têm um plano de 3G, segundo a GSA (Global mobile Suppliers Association). O maior rival da Fon é o avanço das operadoras, com novas redes mais velozes, como o LTE (o 4G).

No Brasil, a Fon opera com apenas 150 pontos de acesso nos bairros do Leblon e de Ipanema, no Rio – até o fim do ano serão 500. A Oi está oferecendo acesso livre a seus clientes, em alguns dos planos de banda larga e 3G. Em 2012, a parceria deve chegar às casas. A ideia é colocar o software da Fon nos roteadores dos clientes. A Oi tem hoje 4,8 milhões de assinantes de banda larga.

Fonte: Época

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