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domingo, 15 de janeiro de 2012

Os pecados da Represa Municipal

Mesmo como uma das prioridades da gestão do prefeito Valdomiro Lopes, os planos e metas para a Represa Municipal, o cartão-postal de Rio Preto, ainda bóiam à deriva, sem uma definição clara de como solucionar as falhas na estrutura nos lagos 2 e 3 e questões ambientais a serem resolvidas. O problema ambiental mais grave é o esgoto que deságua no lugar. São duas as fontes de detritos. A primeira, fixa, corre a céu aberto, vindo de um córrego do Jardim Seixas e provoca mau cheiro nas proximidades. A segunda contaminação da água é provocada por frequentes rupturas em linha de esgoto que passa rente à Represa. A rede vem da Vila Toninho e bairros adjacentes.

“A espuma na água e o mau cheiro indicam claramente que o esgoto está sendo despejado na Represa Municipal. É preciso uma atitude das autoridades para este, que é o problema ambiental mais grave”, diz o zoólogo e professor aposentado da Unesp de Rio Preto, Luiz Dino Vizotto. Quem frequenta ou possui comércio no local reclama do descaso. “O problema aqui é o cheiro do esgoto. Em dias de chuva, as tampas dos bueiros de rua saem e o esgoto todo vaza. O cheiro forte tem influencia direta no movimento do meu quiosque. Faz oito meses que estamos reclamando com a Prefeitura e nada foi feito, apenas temos a resposta de que o problema será resolvido, mas nada”, diz o comerciante Osmeraldo Lopes dos Reis, 43 anos.

Vizotto afirma ainda que a Represa sofre ainda com o assoreamento, principalmente no lago 3, onde não existem muitas árvores, porém no lugar já foram plantadas mudas de diferentes espécies que deverá resolver e evitar os desbarrancamento. A ilha, que fica no meio do lago 2, diminuiu cerca de 200 metros nos últimos anos e as árvores têm ficado secas e caídas, diminuindo o ponto de pouso de aves boiadeiras que passam as noites no cartão-postal de Rio Preto. “A diminuição pode ter sido provocada pelas enchentes. Agora, são as próprias aves que, com suas fezes, fazem com que as árvores fiquem secas. Isso é da natureza, por isso elas mudam de local”, explica o zoólogo.

Estrutura

Além dos problemas ambientais, o Parque da Represa tem ainda falhas na estrutura. A pista do lago 2 já venceu o prazo de validade e possui buracos por toda a sua extensão. O ponto pior fica no viaduto da avenida Murchid Homsi. A falta de fiscalização em todos os períodos também aumenta a sensação de insegurança, principalmente durante a noite, em alguns ponto de baixa iluminação, e permite que o uso de skates e bicicletas acontecem no espaço destinado a caminhada. “Desviar dos buracos já é um desafio. Agora, outra coisa que vem prejudicando os usuários é que várias pessoas utilizam a pista de caminhada para andar de bicicleta e skate. Na semana passada vi um rapaz atropelar uma senhora que fazia caminhada por aqui. Isso deveria ser proibido”, afirmou o aposentado João Pessoa, 70 anos.

Os aparelhos para exercícios físicos também apresentam problemas. Em um deles, a madeira apodreceu. Em outro, a sujeira impede o uso. “Faço exercício aqui quase todos os dias, recentemente tenho encontrando alguns aparelhos em más condições. O esgoto é outro problema muito sério. Próximo ao Sesi sempre ocorre vazamento que invade a pista de caminhada. O cheiro em dias quentes fica insuportável”, disse o garçom José Airton, 40 anos.

Falta melhorar a estrutura

Passados seis meses da inauguração da ciclovia do lago 3 da Represa Municipal, os 1.970 metros da pista ainda não contam com bebedouros, lixeiras e banheiros. Recentemente, houve processo de arborização e mais de 2 mil mudas de 39 espécies foram plantadas no local. Mas em todo o trajeto, fica evidente a falta de lixeiras. Muito lixo fica espalhado pelo chão. São garrafas, embalagens e copos descartáveis, alguns deles com água parada, devido às chuvas dos últimos dias, tornando-se possíveis criadores do mosquito Aedes Aegypti, transmissor da dengue.

A professora Patrícia Lima Matta, 25 anos, frequentadora da Represa, reclama da falta de bebedouro. “Trago sempre uma garrafinha de água quando venho caminhar, pois como não há bebedouros, em dias quentes fica impossível fazer exercícios sem água.” Outra que também reclama é a jornalista Giselle Martelo, 26 anos. “É uma vergonha esse espaço tão bom para caminhar não ter nenhum bebedouro, banheiro ou lixeira”, disse.

Capivaras precisam ser controladas

Para o zoólogo e professor aposentado da Unesp de Rio Preto, Luiz Dino Vizotto, o número de capivaras na Represa Municipal deve ser controlado. “A mordida das capivaras é muito forte e elas podem atacar quando sentem-se acuadas ou quando alguém brinca com seus filhotes. Aqui em Rio Preto nunca aconteceu. Precisamos controlar a população das capivaras para evitar esse e outros problemas”, disse.

O animal também ameaça a saúde pública, já que uma provável consequência desse desequilíbrio é a transmissão de doenças. A capivara, como todo animal silvestre, pode transmitir zoonoses ao homem e a outros animais. Entre as doenças está a febre maculosa, transmitida ao homem via carrapato.

Vizotto acredita que um trabalho de castração possa revolver a questão. Por outro lado, o secretário municipal de Meio Ambiente e Urbanismo, José Carlos de Lima Bueno, afirma que técnicos da secretária junto ao Ibama identificaram que para melhor controle sem prejudicar os animais é diminuir o campo de pastagem. Por isso, até o final do primeiro semestre será feita uma cerca para evitar que as capivaras saiam da represa pelas margens. “A castração não está descartada, mas por enquanto essa foi a indicação”, afirmou.

O Secretário Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo, José Carlos de Lima Bueno, afirmou que está aberta licitação para a reforma da pista de caminhada, melhoria da iluminação no lago 2 e para instalação de cerca para obstruir a passagem das capivaras nos lagos 2 e 3. Já o problema do esgoto, ele afirma que tem feito constantes reuniões com o Serviço Municipal Autônomo de Água e Esgoto (Semae) para que resolvam a questão. No lago 3, o secretário afirma que não haverá assoreamento devido ao plantio de árvores feita em parceria com a usina Guarani. A mesma parceria foi feita para instalação de lixeiras e bancos, que serão instalados ainda esse mês.

Os banheiros e bebedouros funcionarão junto com a casa da Guarda Municipal, que segundo ele já está pronta, mas depende da Prefeitura para inauguração. Sobre a ilha, a secretaria optou por apenas observar um reequilíbrio ambiental naturalmente. A segurança do Parque da Represa deverá ser reforça com aumento no efetivo da Guarda Municipal que deverá passar de 65 para 156 homens. “Parte deles virão para a Represa e poderemos fazer uma segurança mais efetiva”, disse Lima Bueno.

Fonte: Diário Web

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