Cadastre seu negócio - Quem somos - Contato

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Em discurso, Obama usará economia para marcar diferenças com rivais

O presidente americano, Barack Obama, usará seu discurso sobre o Estado da União na terça-feira de 24 de janeiro para argumentar que cabe ao governo criar uma sociedade próspera e equitativa, aproveitando para ressaltar as diferenças entre os partidos políticos em um momento de grande incerteza econômica.

Em um vídeo enviado por email a mais de 10 milhões de partidários no sábado, no momento em que os republicanos da Carolina do Sul iam às urnas na terceira prévia do processo que elegerá o candidato do partido para as eleições presidenciais, Obama prometeu um "modelo de economia feito para durar", com o governo ajudando o setor privado e os indivíduos para garantir "uma América na qual todos tenham oportunidades, todos façam a sua parte e sigam as mesmas regras".

Obama tem afiado essa mensagem nos últimos meses, enquanto ataca os republicanos do Congresso e dá início à sua campanha presidencial, contrastando-a com a postura republicana que descreveu como aquela que favorece um livre mercado "isolado".

Na semana passada, em um evento de arrecadação de fundos em Nova York, ele disse que sua posição favorável à interferência do governo tem precedentes que datam da construção de canais e rodovias interestaduais, da construção de faculdades em terras estaduais e do projeto de lei GI. Ele afirmou que os republicanos passaram a atuar tanto na extrema direita que 2012 será uma "eleição altamente significativa".

Notavelmente, Obama voltará a propor alterações no código fiscal de modo que os ricos voltem a pagar mais impostos, apesar da consistente oposição dos republicanos. De acordo com pesquisas, os americanos apoiam massivamente a ideia, e a Casa Branca espera que ela ganhe força com os eleitores diante do reconhecimento feito por Mitt Romney, um dos que disputam a candidatura republicana pela presidência, de que paga somente cerca de 15% de impostos pelo fato de a maior parte de sua renda vir de investimentos.

Com o pior índice de aprovação registrado pelos americanos por causa da maneira com que tem lidado com a economia nos últimos três anos, é ainda mais imperativo para Obama definir a eleição não como um referendo sobre o seu mandato, mas como uma escolha entre a sua visão e a visão de seu futuro rival republicano.

O terceiro discurso de Obama sobre o Estado da União está sendo comparado ao pronunciamento feito em 1996 pelo presidente Bill Clinton. Ele também concorria à reeleição naquele ano, depois que os eleitores deram aos republicanos a maioria no Congresso como uma maneira de repreender sua maneira liberal de administrar o governo.

Mas Clinton optou por tornar sua a mensagem de "pequeno governo" dos republicanos e uma das falas mais memoráveis de seu discurso do Estado da União foi "a era do grande governo acabou". Obama, por sua vez, quer confrontá-los e está elaborando sua oratória eleitoral de uma maneira que assessores dizem que desafiará os republicanos e seu "apoio a um mercado americano sem restrições" e a uma "economia você-está-por-sua-própria-conta", como ele mesmo disse em dezembro, em Osawatomie, Kansas, em um discurso que foi uma prévia do que falará na terça-feira.

Conselheiros e outras pessoas familiarizadas com o discurso dizem que Obama reiterará os esforços do governo para resolver a crise habitacional de maneira que as financiadoras lidem com os proprietários que estão com suas hipotecas atrasadas - após mais um debate entre seus assessores econômicos e políticos.

A equipe política tem defendido a ideia de que a maioria dos americanos se opõe a ações do governo para conter as execuções hipotecárias, como forçar as financiadoras a renegociar dívidas que muitas vezes são benéficas apenas para aqueles que compraram casas que não podiam pagar. A equipe econômica afirma que, enquanto o mercado imobiliário não se recuperar, a economia tampouco conseguirá se reerguer - e que todos os americanos sofrerão com isso.

Na terça-feira, Obama exporá melhor sua mensagem populista, com novas propostas que devem estimular a manufatura, incluindo incentivos fiscais para empresas que criarem empregos nos Estados Unidos, aumento aos incentivos para a energia limpa e melhora das iniciativas para a educação e o trabalho, especialmente para os milhões de americanos desempregados há um bom tempo, segundo oficiais familiarizados com o discurso.

Obama deve ser mais firme no desafio feito à China para que aumente o valor de sua moeda com o objetivo de propiciar um comércio mais justo entre os dois países - apelando para os votos da classe trabalhadora que precisa conseguir caso queira ser reeleito. A equipe de Obama ainda vê Romney como um dos mais prováveis concorrentes de Obama nas eleições, apesar de sua derrota nas primárias da Carolina do Sul no sábado.

No vídeo, assim como em outro que foi enviado a seus partidários no ano passado, Obama disse que quer pedir "um retorno aos valores americanos de justiça para todos e responsabilidade por parte de todos".

"Podemos seguir dois caminhos diferentes", disse. "Um é o de menos oportunidades e menos justiça. Ou podemos seguir o caminho que acredito que todos deveríamos e precisaríamos seguir: o de construir uma economia que funcione para todos, não apenas para a minoria rica".

Para esse fim, pessoas familiarizadas com seu discurso dizem que Obama solicitará uma mudança tributária nos setores privado e corporativo para que os ricos paguem mais para financiar investimentos do governo e para atenuar o aumento da desigualdade de renda dos últimos anos. Obama retomará o apelo, feito em setembro, para reescrever o código tributário individual de uma forma que siga o que chamou da "Regra Buffett" - certificando-se que, como afirmou o bilionário Warren Buffett, secretários ou outros oficiais não paguem mais impostos que patrões mais bem pagos.

A proposta do presidente se tornou politicamente mais importante depois que Romney, que prometeu apresentar sua declaração de imposto de renda na terça-feira, afirmou ter pago cerca de 15% em impostos. Essa taxa é menor que a de muitos contribuintes com uma renda menor, o que reflete uma redução de impostos aprovada na década passada pelo governo Bush e por um Congresso republicano que favorece contribuintes cuja renda depende mais de investimentos do que de um salário.

Candidatos presidenciais republicanos disseram que o governo não deveria interferir. Romney, um ex-governador de Massachusetts, disse após sua vitória na primária de New Hampshire que Obama "quer colocar a liberdade empresarial em julgamento" e dividir os americanos fazendo "a política da inveja".

"Temos de oferecer uma visão diferente", disse Romney. "Estou pronto para nos levar por um caminho diferente, no qual seremos guiados pelo nosso desejo de suceder e não arrastados para baixo por aqueles que ressentem o sucesso."
Obama também proporá mudanças políticas, talvez na maneira de financiar as campanhas. Algo que deve mexer com a opinião de muitos dos americanos e que foi expressado pelo Movimento Tea Party e pelos membros do movimento Ocupe, um de direita e outro de esquerda, que afirmam que o sistema está viciado contra eles e favorece apenas poucos privilegiados.

No entanto, mesmo se o Congresso concordasse com as propostas, algo pouco provável para grande parte da agenda do presidente já que a oposição republicana deve se intensificar neste ano eleitoral, qualquer alteração não teria efeito nesta campanha. Ela já foi influenciada por super Comitês de Ação Política criados por indivíduos ricos, empresas e sindicatos e desencadeados pela decisão da Suprema Corte de permitir que grupos de cidadãos gastem quantias ilimitadas em nome dos candidatos.

Autoridades e aliados do governo advertiram que a retórica e as propostas de Obama de fazer uma sessão conjunta no Congresso podem mudar antes de terça-feira. "Ainda não acabei de escrever meu discurso", disse Obama aos simpatizantes no vídeo, "portanto, ainda devo passar algumas noites em claro para finalizá-lo".

Além de novas políticas, Obama reativará as propostas que foram politicamente populares do pacote de US$ 447 milhões para a criação de empregos que ele anunciou no Dia do Trabalho, mas que os republicanos do Congresso vetaram.

Ele deve voltar a pedir subsídios para os Estados que têm problemas em manter seus professores e funcionários de resgate empregados, para terem dinheiro para efetuar a manuntenção e construção de estradas e outros projetos de infraestrutura, e para estender para o restante do ano o corte temporário dos impostos de folha de pagamento para 160 milhões de trabalhadores.

A resistência dos republicanos do Congresso a essas propostas no ano passado, uma vez que eles se opõem a medidas de estímulo governamentais e a medidas propostas por Obama para que os ricos paguem mais impostos, ajudou a diminuir sua aprovação por parte dos eleitores, que já é bastante baixa.

Isso os deixa em desvantagem no início do ano eleitoral e de uma nova sessão legislativa em relação a Obama. A popularidade do presidente nas pesquisas nacionais têm melhorado, embora ele ainda tenha problemas em reconquistar a confiança dos eleitores pela maneira como vem lidando com a economia.

Fonte: Último Segundo

0 comentários:

Postar um comentário